Com o início de um novo ano, muitas pessoas traçam metas a serem cumpridas e, geralmente, entre elas está o desafio de se organizar financeiramente. Seja para fugir das dívidas ou criar uma reserva de emergência, é importante saber como lidar com o dinheiro. Mas, antes disso, é necessário entender alguns fatores externos que podem impactar o seu planejamento.
A instabilidade econômica do Brasil em 2021 afetou o poder de compra e influenciou a geração de dívidas da população. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 75,6% das famílias brasileiras estavam endividadas até novembro do ano passado. Isso significa que cerca de 12,3 milhões delas possuem dívidas de cartão de crédito, financiamento, cheque especial, prestação de imóvel, entre outras.
A analista de Economia e Planejamento do Sicoob Engecred e cientista econômica, Gabriela Fernandes, explica que um dos motivos por trás do aumento do endividamento é o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou com alta de 10,06%, no último ano.
“Isso significa que, em média, os preços da economia brasileira subiram mais de 10% em 12 meses e, dentre os grupos de produtos que demonstraram encarecimento estão justamente os que são essenciais no dia a dia dos cidadãos, como os transportes, a habitação e a alimentação domiciliar”, afirma.
Dessa forma, segundo a especialista, muitas pessoas precisaram desembolsar mais com os gastos básicos e domésticos o que, consequentemente, gerou uma maior procura por crédito para arcar com as demais despesas do orçamento familiar.
Expectativa para 2022
A expectativa do mercado é que a inflação ainda persista durante 2022, porém reduzida em relação aos índices vistos em 2021.
“Os juros, que tiveram uma guinada durante o ano anterior, tendem a se manter elevados. Isso revela que os preços estarão mais altos e o crédito mais caro. Dessa maneira, fazer um planejamento financeiro e poupar uma parte das rendas recebidas são as melhores formas de se preparar para o ano. Assim, será possível antecipar o pagamento de despesas fixas, evitar gastos supérfluos, ter uma reserva de emergência e, ainda, focar em seus objetivos como uma viagem, a reforma de casa ou a troca do carro”, explica Gabriela.
Levando em consideração as expectativas financeiras do país para esse novo ano, veja a seguir algumas formas de como você pode se programar e cuidar melhor de seu capital.
Por onde começar
A cientista econômica defende que a organização é essencial para realizar a gestão de seus recursos, e o primeiro passo é entender de onde vem e para onde vai o dinheiro.
“Para isso, basta colocar na ponta do lápis as origens dos volumes que chegam na conta todo mês: quanto da renda mensal vem do salário, de investimentos ou de fontes extras, por exemplo. Do mesmo modo, registrar os destinos dos recursos que saem: o quanto vai para os gastos básicos, para lazer e o que é poupado, entre outros”, esclarece.
Assim, ao conhecer o seu orçamento mensal, você poderá determinar prioridades e se planejar mais assertivamente para aqueles meses em que os gastos tendem a ser mais altos.
Além disso, investir em educação financeira também é muito importante para que você entenda, de fato, quais são as melhores opções para administrar seu dinheiro e como fazer isso da maneira adequada.
Ganhos extras
E por falar em uma administração assertiva, sabemos que a grana ‘extra’ na conta ao fim do ano é muito esperada, mas é preciso ter controle na hora de decidir com o que gastar a gratificação. “Em geral, o começo do ano tende a ser mais pesado no bolso do brasileiro com a compra de materiais escolares, tributos e reajustes anuais. Então, segurar uma parte do bônus ou décimo-terceiro é uma opção segura para arcar com essas despesas”, conclui Gabriela Fernandes.
Como quitar as dívidas?
Para Felipe Bonin, analista de Riscos do Sicoob Engecred, as principais estratégias para vencer as dívidas pendentes são: gastar menos do que ganha, disciplina e organização. Inclusive, você pode seguir os mesmos passos citados anteriormente para controlar o seu fluxo de caixa.
Pegar um empréstimo para quitar o saldo devedor pode ser considerado, mas é necessário se atentar a sua situação específica. O educador financeiro Glauber Lima explica que quando a pessoa já está com um volume que não consegue pagar, muitas vezes com credores de diferentes instituições, como cartão de crédito de um banco e consignado de outro, conseguir um novo empréstimo com o valor suficiente para liquidar todo o débito pode ser eficiente.
“Talvez não seja a opção mais barata, mas vai ajudar a pessoa a ter controle da despesa, pois, a partir do momento que ela faz essa nova dívida, terá apenas um fiduciário, o que facilita o seu planejamento de pagamento”, pondera o educador.
Porém, conforme complementa Felipe, ao pegar o dinheiro emprestado é preciso verificar se as parcelas cabem em seu orçamento, previamente planejado, colocar os vencimentos dos boletos para depois que você receber sua renda e não contar com ganhos futuros, como bônus, férias, décimo terceiro, entre outros. Dessa forma, você conseguirá manter o compromisso e evitará a inadimplência.
Consumo consciente
Antes de fazer alguma compra ou consumir determinado produto, reflita se ele é realmente necessário no momento, se pode ser substituído por outra coisa com menor preço ou se é possível reutilizar algo que você já tenha. Assim, você vai conseguir diminuir gastos desnecessários e economizar.
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