Aprender desde cedo a gerenciar o dinheiro possibilita uma vida adulta mais saudável financeiramente
Quem aí se lembra da emoção de poder quebrar um cofrinho cheio de moedas depois de um bom tempo economizando? Com certeza é um momento marcante na infância de muitas pessoas, não é mesmo? Hoje em dia essa sensação pode ser ainda melhor, pois, além de economizar o dinheiro de forma digital e segura, ainda é possível receber um valor maior do que o investido, devido às correções de juros.
No mês das crianças, queremos mostrar para você que é pai, mãe ou responsável, a importância da educação financeira para seus pequenos.
As pessoas que são financeiramente educadas sabem lidar com o dinheiro de forma mais consciente e conseguem compreender momentos de riscos e de oportunidades. Não se trata apenas de saber economizar, mas também de gerenciar as finanças de forma organizada e efetiva.
Objetivos da educação financeira para crianças
Um dos principais objetivos da educação financeira é fazer a criança entender o “valor do dinheiro”, que esse recurso é limitado, precisa ser bem cuidado para atender os encargos do dia a dia e que exige muita responsabilidade.
As crianças também aprendem que não podem ter tudo no momento que desejam. Esses ensinamentos fomentam um senso de planejamento e de como lidar com frustrações.
Ter um relacionamento saudável com o dinheiro vai ajudá-las a iniciar uma vida financeira com mais segurança e tranquilidade. A melhor parte é que é possível ensinar tudo isso de forma lúdica, dinâmica e criativa.
Opinião profissional
O professor de Engenharia Financeira Thyago Marques, da Universidade Federal de Goiás (UFG), pondera que a educação financeira pode salvar vidas e que investir nela é de extrema importância para a sociedade em geral. “Hoje, vemos cenários de alta inadimplência e endividamento superior a 70% da população, independente da classe social e econômica. Logo, se queremos ter uma sociedade com mais saúde financeira e com maior capacidade de investimentos, temos que iniciar esse ensino o quanto antes”, conta.
Thyago justifica que essa educação deve ser iniciada na infância, pois todos terão que lidar com dinheiro em algum momento. Para ele, ainda não existe um foco maior nas crianças por falta de entendimento da maioria dos pais.
“Em geral, as pessoas acham que seus problemas financeiros são unicamente porque ganham pouco. Isso pode ser parte da questão, mas não é em sua totalidade”, completa o professor. Os pais podem buscar conhecimento sobre finanças e consumo antes de ensinarem seus filhos, tendo em mente que eles irão aprender de qualquer forma, observando atitudes e situações em casa.
Sobre o assunto, Jennyfer Torres, palestrante e gerente da Central de Relacionamento com Associado do Sicoob Engecred, defende que é necessária uma ação conjunta da sociedade, escola, lar e organizações sociais e governamentais para que haja uma ruptura desse modelo mental limitado sobre como lidar com finanças de maneira geral, e que esse processo de educação precisa ser direcionado com sabedoria, para levar o conhecimento de forma simples e recreativa.
Educação financeira nas escolas
O Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), lançou em agosto deste ano o programa ‘Educação Financeira nas Escolas’, que possui o objetivo de oferecer aos professores da rede pública de ensino cursos gratuitos de formação em educação financeira, para que o tema esteja mais presente nas salas de aula.
De acordo com o MEC, a expectativa inicial é a de capacitar, em três anos, 500 mil professores, que poderão levar o tema a mais de 25 milhões de estudantes brasileiros. Vale lembrar que a educação financeira nas escolas faz parte da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) desde 2020.
Jennyfer conta que nesse processo educacional os ensinamentos não se limitam a economia, mas, também, buscam orientar a criança sobre: empreendedorismo, cuidado com seus brinquedos e material escolar, consumo consciente de luz e água, poupança, doações voluntárias, entre outros. De acordo com ela, essas ações estimulam o consumo sustentável e a criatividade.
“Nas palestras que ministrei para crianças, falei sobre a importância de zelar dos brinquedos para se divertir ainda mais e, assim, colaborar para que seus familiares possam suprir outras necessidades do cotidiano com o salário, dessa forma, todos podem estabelecer prioridades juntos e começar a fazer planos em família”, relata.
Veja a seguir algumas atividades práticas de educação financeira para crianças:
Mesada e Cofrinho
Você deve estimular a criança a se organizar com uma quantia mensal definida por você. Além de ter uma conta digital, um cofrinho pode ser muito interessante para ela, pois terá a noção de que o dinheiro também pode ser físico, que aumenta o volume quando é acumulado, mas que também pode acabar, entre outras descobertas que incitam a organização, a análise crítica e a inteligência emocional.
Tracem metas a médio e longo prazo
Se a criança quer um brinquedo novo ou realizar alguma atividade paga, tracem metas juntos para que vocês consigam o dinheiro necessário para a realização desses desejos.
Dessa forma, você ensinará a criança sobre planejamento, atingir objetivos, consumo consciente e responsabilidade.
Brinquedos educativos
Lidar com dinheiro não precisa ser chato ou monótono. Invista em jogos e brinquedos como monópolis, banco imobiliário, caixa de supermercado, entre outros, para que vocês soltem a imaginação e aprendam de forma mais interessante.
Livros infantis também são uma ótima opção para ilustrar situações cotidianas que envolvem dinheiro. Pensando nisso, o Instituto Sicoob desenvolveu uma coleção de livros sobre educação financeira para crianças.
Compartilhe objetivos da família
Pode ser uma viagem, aquisição de um computador ou outro item que todos podem utilizar. Façam as contas juntos, comecem a se programar e economizar para concretizarem esse objetivo.
Separe o dinheiro da criança
Utilizem o recurso financeiro da criança com sabedoria, separando o dinheiro conforme os objetivos: poupança para sonho pessoal, economias para o futuro e uma parte disponível para o cotidiano. Afinal, será divertido para os pequenos poderem comprar uma guloseima com seu próprio dinheiro.
Façam de maneira leve
O momento de poupar e cuidar do dinheiro deve ser leve, divertido e sem traumas, por isso, usem a imaginação!
Além disso, também é possível:
– Envolver a criança nas rotinas diárias, como decisões de compras no supermercado, explicando sobre economia ao comprar um produto específico;
– Atribuir responsabilidades, como cuidar dos seus brinquedos, roupas e matérias escolares;
– Estar aberto a conversar com a criança, pois muitas vezes os planos não saem como planejado e é preciso lidar com frustrações.
O que deve ser evitado?
– Recompensar financeiramente boas notas de escola e/ou outras atividades que são consideradas obrigações;
– Dar mal exemplo em casa, como realizar gastos sem planejamento, estourar o cartão de crédito, entre outros;
– Seguir o modelo “tudo que me pede eu compro” ou “é só passar o cartão de crédito”, pois isso gera a ideia para criança de que tudo vem muito fácil e pode afetá-la negativamente, tornando-a um adulto imaturo ao achar que todos ao seu redor devem sempre suprir suas necessidades.
O papel do cooperativismo financeiro
O cooperativismo é uma filosofia que almeja transformar o mundo em um lugar justo e equilibrado. E tem como um de seus princípios o ‘Interesse pela comunidade’, que contribui com o desenvolvimento sustentável e a ‘Educação, formação e informação’, propondo o aprimoramento pessoal.
O papel do Sicoob Engecred, por meio de ações sociais do Instituto, é contribuir com a formação de crianças no contexto da educação financeira, para aspirar um futuro com oportunidades de crescimento socioeconômico, incentivar ações educacionais em escolas e comunidades e disponibilizar livros compatíveis com cada idade. Dessa forma, olhamos para elas com atenção e cooperamos para uma base educacional justa e cheias de novas possibilidades.
Faça parte dessa cooperativa que trabalha para construir um mundo para melhor. Associe-se ao Sicoob Engecred.