O brasileiro está guardando mais dinheiro em casa, o que significa que o volume de moeda em espécie nas mãos do cidadão aumentou. Historicamente, esse fenômeno ocorre em épocas de crise, e agora é a principal justificativa para o Banco Central lançar a nota de 200 reais.
Segundo o BC, ela começará a circular no dia 02 de setembro. Será estampada com a figura do lobo-guará, mamífero típico do cerrado brasileiro, e a tiragem prevista para este ano é de 450 milhões de unidades, que totalizam 90 bilhões de reais. Em meio a todas essas informações, a verdade é que a nova nota de R$ 200 está dividindo opiniões.
A notícia surpreendeu muitas pessoas, especialistas ou não, que vêm repercutindo a informação em diferentes canais, sem contar as especulações que também surgiram. E tem gente até dizendo que, diante da crise econômica atual, muitos brasileiros não vão nem ter acesso a nova cédula.
O fato é que a explicação do Banco Central para a criação da nota de R$200 é o entesouramento provocado pela pandemia da covid-19, pois a decisão de guardar dinheiro em casa deixa menos notas disponíveis para circulação.
O que é o entesouramento na prática?
O entesouramento é um “problema” antigo. No que se refere às moedas, é considerado uma dor de cabeça para o BC. Muita gente acaba deixando de usá-las, seja por dificuldade de manuseio ou por esquecimento. Pesquisas do próprio Banco Central dão conta de que, desde o início do Plano Real, mais de 35% das moedas produzidas permanecem “entesouradas”.
Mas o fenômeno do entesouramento que vivemos hoje é um pouco diferente e pode ser considerado o reflexo da insegurança econômica. E, de novo, estamos falando de um assunto que divide opiniões. No atual momento de crise, temos muitas incertezas, mas uma coisa é fato: a inflação é baixa. Deixando a pandemia de lado, qual seria a justificativa para manter o dinheiro debaixo do colchão?
O medo de deixar a grana em uma instituição financeira e ser achado por credores ou até mesmo a preferência em administrar o dinheiro em espécie podem ser justificativas. Mas, na realidade atual, ainda são consideradas as restrições de circulação das pessoas e, inclusive, o medo de um fechamento total de instituições financeiras em um possível lockdown.
Uma resposta a maior demanda por dinheiro vivo
Segundo o Banco Central, o objetivo da criação da nota de R$ 200, que foi aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é atuar preventivamente caso a população demande ainda mais por dinheiro em espécie. Mas será que a medida causará impacto à base monetária do país?
Conforme o BC, no mês de março o volume de dinheiro vivo com a população era de R$ 216 bilhões, aproximadamente. Quando a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou, em 11 de março, que a covid-19 é uma pandemia, o montante retido com a população passou a subir rapidamente e, atualmente, está em R$ 277 bilhões.
Ainda no mês de maio, o Banco Central teve que antecipar à Casa da Moeda o pedido de produção de cédulas, no valor de R$ 9 bilhões, para evitar a falta de notas. Desse modo, houve o aumento da necessidade de imprimir mais dinheiro. O lançamento da nota de R$ 200, portanto, além de atender à possível demanda da população, também contribuirá para reduzir custos de impressão.
Prós e contras
O BC afirma que, assim como as demais notas do Real, a nova cédula é segura e contém elementos para proteger de tentativas de falsificação. No entanto, logo após o anúncio do lançamento da nota de R$ 200, a medida foi criticada por alguns economistas que entendem que a nova cédula facilitará a corrupção e a lavagem de dinheiro.
Embora o Banco Central alegue que a demanda por papel moeda continue crescendo em todo o mundo, com queda apenas na Noruega e Suécia, a medida de lançar a nota de R$ 200, para alguns especialistas, vai na contramão do que vários países praticam Isso porque, quanto maior o valor do dinheiro, mais fácil é o transporte e a omissão de valores.
A diretora de administração do Banco Central, Ana Carolina Barros, declarou que não havia relação entre uma moeda de maior valor e as operações ilegais realizadas com dinheiro vivo.
Na contramão?
Se avaliarmos que nesse mesmo cenário existem iniciativas do próprio Banco Central de incentivar a redução de operações com dinheiro físico, aumentar o volume da moeda em circulação pode ser avaliada como ação na contramão.
Entre esses incentivos está o lançamento do PIX, sistema desenvolvido e operado pelo Banco Central para transferências de recursos online, hoje processadas por meio de TED (Transferência Eletrônica Disponível) ou DOC (Documento de Ordem De Crédito).
Outro aspecto é que, com as limitações de saque do próprio auxílio emergencial e as orientações sanitárias que têm levado muita gente a evitar pegar em um dinheiro que passou de mão em mão, tem crescido a procura por meios de pagamento digitais, sem a circulação das cédulas em espécie.
O BC mesmo, não de hoje, tem uma agenda de modernização do sistema financeiro. Questionada quanto a eventual contradição com a criação de uma nova cédula em papel, no entanto, a entidade respondeu que as ações não concorrem entre si. “É papel do Banco Central atender essa demanda por meio circulante”, justificou a diretora.
Indício de superinflação?
Outra preocupação do lançamento da nota de R$ 200 é da volta da superinflação, já que uma nova nota não era lançada desde 1994, quando o Plano Real conseguiu finalmente estabilizar a moeda e conter a inflação. Mas com a economia em retração, o Brasil deve terminar 2020 com uma inflação abaixo dos 2%.
Esse índice de inflação é um dos menores vividos na era do Real ou seja, o Plano Real não isentou o país de viver processos inflacionários da década de 90 até agora, mas nunca acima dos dois dígitos registrados todo o mês como era na época da hiperinflação.
Antes de entesourar, pense coletivo!
Até certo ponto, entesourar pode ser uma atividade saudável. Estamos falando do hábito de guardar algum dinheiro em casa para pequenas despesas ou manter um cofrinho para o troco das compras que, no decorrer de algum tempo, pode formar uma reserva para uma compra extra ou até ajudar nas despesas das férias.
Mas dinheiro guardado em uma instituição financeira faz girar a economia. Permite o acesso a linhas de crédito e empréstimos para eventuais necessidades ou mesmo para um projeto pessoal ou profissional. Para quem tem receio de perder seu dinheiro é bom lembrar que, além do histórico que norteia as transações, as instituições financeiras têm garantias. No caso das cooperativas de crédito, o –Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCOOP)
O que você pensa sobre tudo isso? Entesourar ou não entesourar? Deixe aqui seu comentário. Ficaremos felizes em compartilhar. E, se precisar de uma instituição financeira para apoiar você, conte conosco.
Para mais informações acesse: https://www.sicoobengecred.coop.br/