Muitos brasileiros já começaram 2020 com dívidas, mas a pandemia da covid-19 fez o endividamento aumentar. Você sabia que 66,5% das famílias brasileiras estão endividadas? Esses dados são de maio este ano e constam no resultado da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Em virtude da pandemia e da retração da economia já registrada nos anos de 2018 e 2019, os juros caíram bastante no Brasil. Dois anos atrás, a taxa de juros Selic, instituída pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), estava em 7% ao ano; hoje, está em 2%. Queda de 71% no período. Um convite ao endividamento.
Veja aqui o histórico das taxas de juros no país, desde 1996.
A queda dos juros básicos da economia faz com que os financiamentos fiquem mais baratos. As prestações de imóveis, veículos e bens duráveis começam a caber no bolso de boa parte dos trabalhadores. Grandes redes de varejo também lançam promoções com produtos divididos em até 18 vezes sem juros.
E não são apenas os produtos que são vendidos em “modestas prestações”. O setor de serviços também aproveita o boom de compras e facilita a aquisição de cirurgias plásticas, viagens e festas. Se o consumidor tiver vontade, praticamente tudo pode ser parcelado, até mesmo impostos, multas de veículos etc.
Mas, se por um lado o endividamento traz para perto os sonhos de consumo das classes C, D e E, também causa dor de cabeça. O SPC Brasil estima que o país tenha fechado janeiro de 2020 com aproximadamente 61,3 milhões de consumidores inscritos em cadastros de devedores.
A cifra equivale a pouco mais de 39% da população adulta do Brasil. São pessoas que passam a enfrentar dificuldades para comprar a prazo, fazer financiamentos ou contratar empréstimos. Uma dificuldade e tanto para quem é assalariado ou vive de pequenos bicos.
O que já estava ruim, piorou!
E se a situação estava complicada no início do ano, imagina agora, em plena pandemia da covid-19! Levantamento da consultoria Plano CDE, especializada em baixa renda, mostra que 51% dos trabalhadores das classes D e E perderam metade da renda ou mais nos últimos quatro meses.
É um circulo vicioso. O trabalhador perde o emprego/bico, não salda as dívidas e para de comprar. O dinheiro não circula no comércio e a economia entra em retração. Uma economia desaquecida leva ao desemprego e, consequentemente, perda de renda para a classe trabalhadora.
Confira a classificação de renda e classe econômica no Brasil: | |
Classe AB | população com renda domiciliar per capita acima de R$ 4.591. |
Classe C | população com renda domiciliar entre R$ 1.064 e R$ 4.591. |
Classe D | população com renda domiciliar entre R$ 768 e R$ 1.064. |
Classe E | população com renda domiciliar até R$ 768. |
Motivos que levam a pessoa a se endividar
Veja a lista publicada pelo Banco Central:
- Falta de planejamento e de controle de despesas, tanto das mensais como daquelas sazonais, que ocorrem algumas vezes por ano.
- Uso inadequado do crédito (cheque especial, cartão de crédito, crédito consignado, financiamentos e outros empréstimos).
- Impulsividade para o consumo, muitas vezes gerada por propagandas ou sedutor.
- Excesso de compras a prazo, comprometendo a renda com parcelas.
- Gasto da renda que ainda não recebeu.
- Pouco conhecimento no trato com o dinheiro.
Existe luz no final do túnel
Mas calma! Pra tudo, tem um jeito! Existem maneiras de sair do endividamento. Medidas simples podem ajudar. A atitude mais importante é ter consciência da situação. De início, pegue papel, lápis e calculadora. Mapeie e liste todas as suas dívidas. E preste atenção nas dicas abaixo:
Cinco passos para sair do endividamento:
- Envolva a família na tarefa de se livrar das dívidas;
- Reduza gastos, elimine o desperdício e diminua o quanto conseguir os custos com supérfluos;
- Troque suas dívidas por outras mais vantajosas, ou seja, com juros menores. Em geral, as dívidas do cheque especial e do rotativo do cartão de crédito têm juros mais elevados, e vale a pena recorrer a algum empréstimo de juros mais baixos para quitá-las;
- Adquira o hábito de comprar à vista. Se preciso, guarde o talão de cheques e o cartão de crédito em casa, para não utilizá-los;
- Se tiver um carro e ele não for instrumento de trabalho ou essencial para sua vida, não hesite em vendê-lo. Utilize o dinheiro para pagar suas dívidas. De quebra, você ainda estará reduzindo suas despesas mensais.
Endividamento também afeta a vida emocional
Oito em cada 10 inadimplentes (82,2%) afirmaram ter sofrido com algum tipo de sentimento negativo ao descobrir que estavam endividados. A pesquisa é da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), e foi divulgada em março deste ano.
Dentre os problemas emocionais, os entrevistados disseram que ansiedade é o maior mal: atingiu seis de cada 10 (63,5%). Não muito longe vieram a irritação e o estresse (58,3%), seguido da angústia (55,3%) e vergonha (54,2%).
Essa mesma pesquisa perguntou qual o maior medo dos endividados: não conseguir pagar a dívida (30,8%); não poder parcelar novas compras (13,8%); ser considerado desonesto (11%); não conseguir emprego (8,5%) e não poder fazer empréstimos (8,2%).
Baixe a íntegra da pesquisa no site https://www.spcbrasil.org.br/pesquisas/
“Nem todos os consumidores conseguem lidar com a inadimplência de forma racional. Muitas vezes, a pessoa fica tão frustrada que busca evitar lidar com a situação alimentando comportamentos negativos, como descontar em vícios ou até em compras excessivas. Esse tipo de atitude pode aumentar ainda mais as dívidas, gerando uma espécie de círculo vicioso e deixando o inadimplente em uma situação pior do que estava antes”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
Você já ouviu falar em educação financeira?
Administrar as finanças de maneira eficiente é muito importante para o equilíbrio da vida. Lidar bem com o dinheiro é uma prática necessária em qualquer idade. O endividamento perturba o bem-estar do indivíduo e acaba interferindo em todas as áreas de sua vida.
Por isso, educação financeira precisa ser um dos pilares do aprendizado, especialmente para crianças. Entender o valor do dinheiro, equilibrar gastos entre as necessidades e sonhos e fazer planejamento são algumas das molas propulsoras do bem-estar.
No cooperativismo de crédito, educação financeira é levada a sério. Por meio do Instituto Sicoob, são realizadas palestras, clínicas financeiras e cursos em escolas públicas de todo o país. As atividades atendem, especialmente, a educação básica.
Nossa cooperativa realiza o projeto Educação Cooperativista, por meio do Instituto Sicoob. Quatrocentos alunos do Centro de Educação em Período Integral (Cepi) Ismael de Jesus Silva, na região Noroeste de Goiânia, são beneficiados.
Os jovens, com idades de 10 a 14 anos, têm aulas de educação ambiental, educação cooperativista, educação empreendedora, educação financeira e voluntariado.
Durante a Semana Nacional de Educação Financeira (Semana Enef), realizada anualmente, colaboradores voluntários do Sicoob Engecred ministram palestras para crianças, adultos e idosos nas regiões periféricas da Grande Goiânia. As ações visam ajudar as famílias a construírem relação equilibrada com o dinheiro, de modo a possibilitar decisões mais conscientes e seguras sobre finanças e consumo.
Cooperar é bem mais do que apenas se associar em torno de um bem comum e prosperar. Cooperar é se preocupar com as pessoas à sua volta, é se preocupar com o meio ambiente e com a sustentabilidade. Cooperar é ajudar a transformar o mundo em um lugar mais justo, feliz e equilibrado.
Faça parte dessa corrente! Venha para o cooperativismo. Associe-se ao Sicoob Engecred!